segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Santander quem?


O Banco Santander anunciou que vai manter a marca Banco Real no Brasil, ao contrário do que pretendia -- e do que sempre faz -- quando incorpora novos bancos ao seu carrinho de compras em qualquer país do mundo. Está aqui, no UOL. 

Diz a notícia que o Santander encomendou pesquisas de opinião com clientes e público externo e chegou à conclusão de que "a marca, construída com base na bandeira de sustentabilidade socioambiental, chega a ter mais apelo do que a do próprio Santander".

Não diga !!!!!! 

Acho que gastaram dinheiro à toa com a pesquisa. Basta ter vivido no planeta Terra nos últimos cinco anos, especialmente no Brasil, para ter percebido que responsabilidade socioambiental é muito mais do que marketing, greenwashing etc. Algumas empresas, de fato, incorporaram os princípios da responsabilidade social em sua gestão, em seus processos, em seu negócio. O Banco Real é uma das marcas mais fortemente associadas a esses princípios. É um banco que tem coragem de fazer propaganda dizendo que não basta ganhar dinheiro, se isso não for bom para toda a sociedade.

Quando o Real foi comprado pelo Santander, muitos amigos meus, jornalistas antenados com temas da responsabilidade social e da sustentabilidade, diziam que o Santander iria acabar com o Real, como sempre fazia nas incorporações. Eu questionava, alegando que eles não teriam coragem de matar uma marca tão fortemente associada a princípios que a sociedade começava a valorizar. Eu simplesmente não podia acreditar que daríamos tantos passos para trás nesse processo.

Desta vez, valeu a pena ser otimista, quase ingenuamente otimista. O Santander não vai matar o Banco Real porque não só seus clientes, mas a sociedade, não permite, ao valorizar a maneira de o Real fazer negócios. 

O Santander teve pelo menos a humildade de reconhecer isso e de mudar seus procedimentos de incorporação de marcas. E de perceber que vai ter de comer muita alface orgânica para chegar aos pés do Real.
 

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