quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O mercado treme, mas a Terra comemora

No dia 15 de setembro de 2008, a Bolsa de Valores de Nova York caiu a níveis espetaculares. Parecia ser o fundo do poço de uma imensa crise financeira mundial, mas outras datas inesquecíveis sucederam-se nas semanas seguintes, com o pânico nos mercados financeiros ocupando manchetes em jornais, sites, rádios e TVs.

Outra data igualmente marcante, entretanto, foi praticamente ignorada pela imprensa. O dia 23 de setembro de 2008 representou aquele em que, neste ano, a humanidade começou a explorar o planeta Terra além dos seus limites. Foi o Earth Overshoot Day, calculado pela Global Footprint Network com base nos critérios da Pegada Ecológica, que mede o quanto uma pessoa precisa de terra e de área marítima para sustentar seu consumo de alimentos, fibras, madeira e para absorver as emissões de CO2.

A crise financeira tem um motivo essencial: os endividados americanos passarão a consumir menos. Os americanos, porém, têm uma pegada ecológica altíssima, cinco vezes acima do que está disponível para cada habitante do mundo. A queda do consumo nos Estados Unidos, portanto, deveria ser comemorada por todos que esperam ver a humanidade viver por muito tempo, em condições razoáveis, neste planeta. Entretanto, é motivo de pânico e gera uma crise econômico-financeira de proporções catastróficas.

Há algo errado com um modelo econômico quando uma boa notícia para o planeta, e para o bem estar de todos os seres humanos, leva a sociedade às portas do apocalipse. Mudar o modo de pensar o desenvolvimento é necessário e urgente. Esse debate poderia — e deveria — ser liderado pelos profissionais da comunicação, estejam eles na imprensa ou no mundo corporativo.

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